Mesmo que passe encolhida para não ser vista, não tem jeito. Um cachorro a denuncia enquanto todos se viram para observar e se questionar. Questionar o que? Não importa. Ela tem cabelo curto agora. Gosta de calças largas mas também usa algumas mais apertadas. Tem tatuagem, usa tic tac, quase sempre usa camiseta. Ela é ótima, gosta de ajudar, luta por dias melhores (quando os dias ruins não a derrubam por completo), educada, um pouco tímida, mas também engraçada, se der espaço, ela fala. Estilosa as vezes, bem normal alguns dias. Curte um bom som, tem juízo (até demais), tem um curriculum cheio de qualidades e tem boa intenções. Mas não adianta. Todos os dias, sempre cofundida. Sempre tropeçando. Parece que tem imã para homens que não podem(ou não querem) intendê-la. Ela diz que está cansada de ser apenas a garota legal. Como se essa fosse sua única qualidade. Será que alguém pode ouvir?? Ela deseja despertar um interesse maior. Ainda que use meias e chinelos, e tenha o cabelo bagunçado como quando acorda. Ser única, nos pensamentos de alguém.
Maíra Souza .
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Sei que as vezes complico um pouco, mas isso não passa de cuidado. Entenda. Até tento me colocar no seu lugar, mas sou perfeita demais pra te aceitar com suas loucuras nas noitadas. Claro que se divertir é essencial. Mas prefiro ficar quietinha (o que não deixa de ser divertido, cada um ao seu modo).. As vezes até esperando que você mude, e que eu deixe de ser a careta e chata pra você. Acontece que os "dispostos se atraem". Talvez a gente não tenha toda essa disposição. A gente briga mais do que gato e cachorro. E depois quer ficar junto. As brigas costumam desgastar relacionamentos, mas no nosso caso não tenho tanta certeza. É que quando ouço a sua voz, derreto. Isso não é bom, não mesmo. Por que? Porque me vejo em suas mãos, oras! Eu piro mesmo. As vezes acho que gosto de você até mais do que penso que gosto. Eu queria poder dizer que espero você voltar, e quem sabe se consertar um pouco. Pra que eu me adapte também à algumas de suas loucuras. Porque se a gente quer ficar bem, temos que fazer por onde. Mas não sei se devo. Eu sei, a gente se quer. Mas tem que ter mais. Tem que ser mais. Porque se não, rápido demais acaba. E não quero isso. Eu quero sim, ficar do teu lado e curtir um som. Mas não é simples assim. Sabe que quando ouço músicas daquela banda que você me mostrou e que é a sua cara, eu paro e fico pensando no que fazer? Se te puxo pra perto de mim, ou fico só imaginando. Acontece que sou covarde demais pra tentar a primeira opção. Aí fico imaginando. Até te deixaria de lado se você não mechesse tanto com meus nervos. Talvez isso tenha um nome. Não me atrevo a dizer, posso estar errada. Ou não.. Vai saber. Sim, sou xiliquenta, extresso atoa, e se você não vem, eu desabo. E digo pra mim mesma que não caio na próxima, mas acabo caindo. E mesmo que a gente se desentenda de novo, vou ficar em silêncio depois de mais uma discurssão e esperando a hora em que você vai puxar papo e falar pra gente esquecer tudo e ficar bem. Somos muito diferentes, mas quem foi que disse que isso é problema? Eu disse? Não lembro, mas não duvido. As vezes sou pessimista. Você sabe né?! Sei que a gente quer um lugar pra gente, mas esse lugar também tem que existir dentro e nós. Entende?
Deixa, deixa ir
Guarda um segredo: às vezes, é preciso se desprender do que deseja para descobrir o que merece. - Renata Carneiro
Como se aprende a se conformar com as coisas? É isso, só isso que eu preciso saber. Não sei aceitar, não entrego uma luta de bandeja e muito menos finjo estar tudo bem - eu não sei fingir. Não sei como dizer "olha, eu quero muito, muito, muito, mas...". O "mas" é o que me horroriza. Para mim, não existem "mas", e se eu realmente quero, me sinto digna da tentativa até não restar nenhum farelo de chance. Como deixar ir embora sem levar junto um pedaço a cada olhar, a cada letra de música, a cada palavra, a cada vontade engasgada? Pois eu, eu só penso em você.
Não se deixe levar assim, não. Olha, veja bem dentro dos meus olhos aquela que surta por medo de que acabe tudo agora, mas que ao mesmo tempo cala por medo de que nada acabe e que o que continue seja doloroso para os dois. Segura a minha mão, ó. Veja como ela fica firme quando tem a sua junto dela. Veja como eu sorrio, como eu abaixo a cabeça pensando que você é, ao mesmo tempo, a melhor e a pior coisa que poderia me acontecer agora. Escute meus adjetivos estúpidos de "idiota, tosco, retardado", e repare que por trás deles existe um tom meio melodramático de "te quero sempre, sempre bem". Olho para o seu cabelo meio sem sal, a sua indecisão atrevida e angustiante, sua maneira de não dizer nada até o sufoco pregar uma peça e se ver obrigado a confessar tudo - que não dá pra ficar longe, que com a voz perto do ouvido, um olho-no-olho e uma mão disfarçada na perna fica cada vez melhor - e penso que nunca mais quero desistir de você. Volto para casa com o coração latejando e ardendo, e me sentindo tão, mas tão grande que mal poderia passar pela porta. Que seguiria meio em transe até o quarto para ouvir a mesma música que, desafinado, você cantava baixinho. E sinto um peso tão grande no peito por ter que largar tudo isso, por ter que desistir do que tira o fôlego mas que também traz uma maré de borboletas no estômago.
Como deixar seguir, tocar o barquinho sem ter vontade de se jogar no mar? Como não ser louca quando é você quem me olha bem dentro dos olhos e me sorri daquela maneira que me deixa constrangida? Como se conformar em fazer voarem pra longe suas piadas sem graça que só você ri? "Vai, minha filha, deixa ir embora", me ordeno olhando no espelho pra ver se aprendo a ser gente normal que sabe a hora de trancar a porta. De parar. Pra ver se aprendo a não esperar mais nenhuma mensagem à noite, não esperar nenhum sinal de vida, não querer escutar nenhuma palavra a mais. Pra comprovar que sou forte e que a falta é passageira. Eu sou forte, eu sei, eu sei. Vai ver é por isso que me torturo tanto: já sei que sou forte feito pedra, mas quero ser molinha feito o colchão da sua cama. Queria ceder, sentir o mix que é sofrer e amar, sem me privar tanto de ouvir tua voz. Mas não, não dá. "Todos os seus amigos estão esperando e torcendo pra que você seja durona, pra que supere numa boa, pra que eles não precisem mais escutar a mesma conversa sobre os dias em que ele aparece e te deixa com o coração na mão", diz a vozinha irritante na minha cabeça. Então é isso ser forte? Deixar de buscar aquilo que mais me faz amar a vida porque também é o que mais me faz perder o ar? Ora, me poupe, racionalidade do caramba! Vá pastar. Não é do meu caráter deixar coisas boas irem embora. E te juro, que a minha vontade era segurar seu rosto, cara, olhar pra você e dizer bem devagar que... O que, vozinha? Não falar pra ele faz parte do processo mesmo? Ah tá, então deixa pra lá. Difícil ser forte.
Como deixar seguir, tocar o barquinho sem ter vontade de se jogar no mar? Como não ser louca quando é você quem me olha bem dentro dos olhos e me sorri daquela maneira que me deixa constrangida? Como se conformar em fazer voarem pra longe suas piadas sem graça que só você ri? "Vai, minha filha, deixa ir embora", me ordeno olhando no espelho pra ver se aprendo a ser gente normal que sabe a hora de trancar a porta. De parar. Pra ver se aprendo a não esperar mais nenhuma mensagem à noite, não esperar nenhum sinal de vida, não querer escutar nenhuma palavra a mais. Pra comprovar que sou forte e que a falta é passageira. Eu sou forte, eu sei, eu sei. Vai ver é por isso que me torturo tanto: já sei que sou forte feito pedra, mas quero ser molinha feito o colchão da sua cama. Queria ceder, sentir o mix que é sofrer e amar, sem me privar tanto de ouvir tua voz. Mas não, não dá. "Todos os seus amigos estão esperando e torcendo pra que você seja durona, pra que supere numa boa, pra que eles não precisem mais escutar a mesma conversa sobre os dias em que ele aparece e te deixa com o coração na mão", diz a vozinha irritante na minha cabeça. Então é isso ser forte? Deixar de buscar aquilo que mais me faz amar a vida porque também é o que mais me faz perder o ar? Ora, me poupe, racionalidade do caramba! Vá pastar. Não é do meu caráter deixar coisas boas irem embora. E te juro, que a minha vontade era segurar seu rosto, cara, olhar pra você e dizer bem devagar que... O que, vozinha? Não falar pra ele faz parte do processo mesmo? Ah tá, então deixa pra lá. Difícil ser forte.
Clarissa M. Lamega
"Não há nada que nos dê mais segurança emocional que não 'precisar' dos outros, e sim contar com os outros para aquilo em que eles são insubstituíveis: companhia, sexo, amizade, conforto. Se ainda não atingiu esse estágio, suba num cavalo imaginário e dê seu grito do Ipiranga. Ficar amarrado à vida alheia faz você viver menos a sua. Nada de se fazer de desentendida só para não se incomodar. Incomode-se. Dependência é morte."
Martha Medeiros in Dependência ou morte (Coisas da vida)
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